terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Morrer na praia

A Selecção Nacional de futebol disse ontem adeus ao XXVIII Campeonato Africano de futebol, ao perder diante da Costa do Marfim por 2-0, em jogo da terceira jornada da primeira fase. Em duas palavras, dir-se-ia que a qualificação para a fase seguinte ficou comprometida no jogo anterior, em que empatou a dois golos com a similar do Sudão.
Se é verdade que no aproveitar está o ganho, Angola não soube tirar partido da vantagem de que dispôs em variados períodos do jogo com o Sudão e o empate verificado deixou evidências de que alguma coisa não ia bem na equipa e que a qualificação não era ainda um objecto tangível.
Foi de facto o que veio a acontecer. Num jogo em que precisava apenas de um ponto para resolver a passagem aos quartos-de-final, andou à deriva, sem um fio de jogo coordenado, o que acabou por dar no resultado que deu. Ao que pareceu, Angola acusou em demasia a responsabilidade no jogo, e quando assim é, as coisas dão sempre para o torto.
Claro está que a Costa do Marfim é uma selecção que impõe respeito. Mas, no caso dos comandados de Lito Vidigal, não só entraram com respeito pelo adversário, como também a temê-lo. Parecia que estavam em campo com uma equipa de outro planeta, o que não os deixava acertar tanto nas jogadas defensivas, como nas ofensivas.
Aliás, o técnico Zahoni François teve uma táctica bastante inteligente. Deixou ficar no banco as suas principais estrelas, como Didier Drogba, Saloman Kalou, Yaya Touré, Gervinho e demais. Talvez os angolanos tenham caído no comodismo de estarem a defrontar uma equipa de segundo plano, que podiam dominar a seu bel-prazer. Se assim pensaram, enganaram-se de todo.
Pois, a tal equipa, que podia ser pouco renomada, foi mandando no jogo, de tal sorte que até aos dez minutos o guarda-resdes Yeboah não tinha feito qualquer intervenção defensiva. A bola circulava mais no meio-campo de Angola, num sinal claro de perigo. Ainda assim, os Palancas foram fazendo o seu jogo, defendendo, e como sempre saindo em contra-ataques.
O balde de água fria veio a entornar-se aos 33 minutos, quando, na sequência de um remate bem colocado, Eboue bateu Wilson pela primeira vez. A situação começou a complicar-se para os angolanos, pois sabia-se que, no outro jogo, o Sudão vencia também por 1-0. A primeira metade do jogo terminou com este resultado.
Na etapa seguinte, a Costa do Marfim, sem qualquer pressão, continuou a fazer o seu jogo ofensivo. A situação obrigou Lito Vidigal a um sistema de maior rigor defensivo, deixando Manucho Gonçalves quase sozinho no ataque, com mil dificuldades para dar melhor conclusão aos passes que lhe eram feitos, além de que a fazer-lhe guarnição cerrada estavam Touré Kolo, Boka e Zokora, defesas de grandes recursos técnicos.
As coisas corriam mal na quadra e as esperanças estavam quase depositadas na reacção do Burkina Faso no outro jogo. Mas, como o dia era mesmo das bruxas, quem dava cartas no outro jogo era o Sudão. Aos 63 minutos, Wifried, aproveitando um desentendimento já habitual entre Dany Massunguna e Wilson, desferiu o golpe fatal a todas esperanças.
Em resumo, Angola só tem de se queixar de si mesma, por não ter sabido aproveitar ao máximo as oportunidades que teve. Por tudo isso, de nada vale lamentar a sua desdita. Convém sim, parar e reflectir, de forma séria, sobre que caminhos trilhar daqui para a frente, quando ainda se desenham o CAN’2013 e as qualificativas ao Mundial’2014.

Jornal dos Desportos

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